Comunidade do Campo Alegre

As ruas são de terra batida....
Enquanto as mães trabalham,as crianças vão para a escola...
Sergina,com os filhos...
É uma tranquilidade...
Qualquer pedaço de pau,tem sempre uma escultura...

Saimos dos Buritis e fomos para a comunidade do Campo Alegre...fomos entrando na vilinha de casas simples,mas bem arrumadinhas.Não vimos ninguém,apenas cachorros pelas ruas empoeiradas.A Associação estava fechada,mas logo apareceu uma moça para abrí-la,mal entramos, surgiram muitas mulheres,não sei de onde haviam saido..rsss...
Foram chegando,muito tímidas,,mas pelo olhar percebemos que estavam anciosas pra vender suas peças.Não chegavam a oferecer,mas só de se colocarem ao lado das peças,pudemos ver que pertenciam à elas.
Mulheres com um olhar triste e aparentavam mais idade do que a verdadeira,porque são sofridas, os maridos vão trabalhar nos canaviais e elas ficam com a responsabilidade da casa,dos filhos de colocar dinheiro em casa.Todas tem um teto,mas comida mesmo...muito a desejar.
Eu com esse coração mole,fiquei angustiada...fui olhando todas aquelas peças feitas com tanto amor,meu coração enterneceu.Estavam mais ou menos em oito mulheres,procuramos comprar uma ou duas peças de cada uma delas.Era emocionante ver a alegria estampada no rosto de cada uma delas.Teve uma que olhava para mim,com um rosto tão suplicante que cheguei a chorar de emoção,se eu tivesse muito dinheiro,teria ficado com todas,foi a comunidade que eu mais me emocionei.
Aquela vilazinha perdida no tempo,longe de tudo e de todos,fiquei pensando na minha vida aqui,com todas essas facilidades que temos e elas lá naquele fim de mundo no meio do nada...ah! meu Deus...
Compramos as mais lindas noivas,as mais lindas meninas,as mais lindas peças utilitárias.que capricho,que coisas lindas que fazem.Vasos vazados que criatividade.
A foto da mulher com os filhos é a Sergina,tão boazinha,nos levou na casa dela e pediu desculpas por não poder nos oferecer nada...Jesus...me senti tão pequena,passei a valorizar mais a minha vida.Antes d'eu ir embora,chamei todas e distribui as lembrancinhas que eu havia levado,eram pequenos mimos,coisas que elas não tem acesso e tb não poderiam se dar ao luxo de comprar,não vou esquecer a alegria delas ao receber aqueles objetos,talvez de desejo de muitas delas,mas que esse tipo de coisa,faz falta mas não é o básico,porque às vzs não tem nem o que comer.
Estavam há nove mêses sem chuva,já não havia mais nada por lá,então vender seus artesanatos era uma benção.Saimos de lá com chuva e elas falaram que nós fomos levar a abençoada chuva para elas.Até me convidaram para ir plantar com elas,diziam assim:Vamos Sonia,vamos plantar, vc trouxe sorte pra nós.
Saimos logo porque a chuva era muita e corríamos o risco de atolarmos no barro.Abracei uma a uma e nem tive coragem de dizer adeus...